Veículos do hidróxico de cálcio na terapia endodôntica de dentes necrosados: avaliação de eficácia e aplicabilidade clínica

Abstract

O hidróxido de cálcio é amplamente utilizado na Endodontia como medicação intracanal devido às suas propriedades antimicrobianas e de indução à reparação tecidual. Sua eficácia está diretamente relacionada à liberação de íons hidroxila e cálcio, responsáveis por criar um ambiente alcalino desfavorável à sobrevivência microbiana. No entanto, a eficácia clínica desta substância pode ser influenciada pelo tipo de veículo utilizado em sua manipulação, uma vez que cada categoria, aquosa, viscosa ou oleosa, interfere na velocidade de liberação iônica, tempo de ação e biocompatibilidade do composto. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia do hidróxido de cálcio como medicação intracanal, considerando os diferentes veículos empregados em sua preparação e sua aplicabilidade clínica nos casos de necrose pulpar. Trata-se de uma revisão de literatura com abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. A pesquisa foi realizada nas bases PubMed, SciELO, e Google Acadêmico, utilizando os descritores: “hidróxido de cálcio”, “endodontia”, e “necrose pulpar”. Foram selecionados estudos publicados entre 2019 e 2025, nos idiomas português, inglês e espanhol, que abordassem aspectos clínicos da associação entre o hidróxido de cálcio e os diferentes veículos. Foram excluídos artigos duplicados, estudos laboratoriais sem detalhamento metodológico ou com foco exclusivamente experimental. No total, 19 artigos compuseram a base teórica da presente revisão. Os resultados evidenciam que veículos aquosos, como soro fisiológico e água destilada, promovem liberação rápida de íons, sendo indicados em casos que requerem ação imediata, mas de curta duração. Já os veículos oleosos, como óleo de silicone e azeite de oliva, favorecem liberação lenta e prolongada, sendo úteis quando a medicação deve permanecer por mais tempo no canal. Os veículos viscosos, como propilenoglicol e glicerina, apresentam uma ação intermediária, combinando boa liberação iônica com maior tempo de atuação e melhor penetração nos túbulos dentinários. Conclui-se que não há um veículo único ideal, mas sim opções que devem ser selecionadas de forma individualizada conforme o diagnóstico clínico e as necessidades terapêuticas de cada caso. A escolha criteriosa do veículo pode potencializar os efeitos do hidróxido de cálcio, otimizando os resultados do tratamento endodôntico, favorecendo a desinfecção do sistema de canais e promovendo maior previsibilidade clínica.